Quando Marc falou aquela frase: "...ver algo mais do que pessoas." fiquei atordoado com o tiro dessa afirmação, já estávamos nos despedindo e nem pude assimilar direito aquilo que ele havia acabado de dizer.
Já que éramos os melhores amigos desde a nossa infância, sentia que precisava fazer alguma coisa diante de tal revelação e só lembro de ter balbuciado a ele para não comentar isso por aí porque as pessoas que não tem a nossa amizade poderiam não entender.
É claro que eu estava preocupado com o que os outros diriam se o vissem comentar o que falou para mim... iam chamá-lo de maluco, despirocado, loucão e outros termos deste time... não queria que meu amigo passasse por isso, mesmo porque ia acabar respingando em mim que andava muito com ele...
Fiquei pensando em como poderia ajudá-lo... e à nossa amizade.
Estava claro que ele estava se referindo a espíritos (nem pensar em termos de demônios!!!), mas o assunto não era algo que me agradava... eu nunca gostei muito desse negócio de "descarnado", "reencarnação" e coisa e tal, mas respeito quem tem convicções diferentes... a minha ignorância sobre certo assunto não significa que o mesmo não seja importante, muito pelo contrário.
Resolvi fazer alguma coisa pelo Marc e lembrei de um colega nosso de escola que tinha feito alguns anos de seminário. Fui procurar o Bento. Lembro que ele era um cara esclarecido, afinal quase foi padre e certamente ia ter uma palavra para me orientar nessa hora... nem tudo estava perdido Marc!
Descolei um endereço antigo dele e resolvi ir até lá (não consegui avisar que ia já que o telefone fornecido que seria dele não mais funcionava!). Demorei pra chegar diante da sala com porta preta num prédio comercial no centro da cidade que não tinha nenhuma placa... quando meu punho baixava para bater na porta (a campainha já era!) eu ouvi nitidamente uma voz crocitar lá de dentro: "Entra amigo, eu estava te esperando!..."
